quarta-feira, 6 de março de 2013

Necróboscus

                                       

                                                 
                                                   Capítulo 5 

                               Uma esperança 


                                             Ele estava completamente perturbado com a presença daquele ser,a criatura exalava um odor de podridão e pelo que S. poderia presumir ele possuía a forma de um humanoide de aproximadamente dois metros de altura,durante todo esse período a criatura não teve nenhum tipo de reação,S. não respondeu a essa atitude e começou a correr em meio as trevas que cobriam toda aquela caverna ou seja lá o que fosse,e instantes depois S. ouviu um grito,um som estridente semelhante ao grito de uma mulher humana em desespero,porém extremamente agudo,S. olhou pra trás e já não enxergava mais os olhos da sombria criatura que o espreitava.


        S. continuava a fugir desesperado por onde a caverna o levasse,estava se sentindo perturbado por todos aquelas coisas estranhas que estavam acontecendo naquele local,enquanto corria ele sentiu os pés molhados e uma luz muito forte apareceu em sua frente em questão de segundos S. conseguia enxergar tudo ao seu redor,inclusive seu corpo,suas roupas eram negras e estavam rasgadas,viu uma marca em seu braço,não parecia um machucado mas algo moldado,mas não deu tempo de captar a forma quando após um estrondo a luz se apagou,S. se lembrou que havia algum ser luminoso naquela caverna mas dessa vez não parecia ser o mesmo,a luz apareceu muitos metros a frente e S. pode ver que era uma espécie de corredor na caverna a luz oscilava até ficar mais forte,S. começou a seguir aquela luz completamente delirante até ouvir perfeitamente uma voz ela dizia algo em outra língua,incompreensível e impronunciável e S. disse : - Ei! Quem é você,o que está acontecendo aqui?! por favor me responda! 


      A voz que ecoava naquele corredor cavernoso ficava cada vez mais forte,era uma voz feminina até que S. pode ver claramente a forma da fonte que emitia aquela luminosidade,era uma mulher; estava vestida de branco possuía cabelos e olhos completamente brancos como todo o resto de seu corpo,a medida que S. ia se aproximando a luz mudava de cor e ia ficando azulada : - Por favor me ajude,me diga o que está acontecendo aqui! - A poucos metros de S. a mulher por fim disse : 
-Você não pertence a esse local,criaturas obscuras vivem aqui,você não está em seu mundo,você não está em sua vida,fuja para o Nada,lá você encontrará a saída e as respostas - Então S. logo percebeu que ela não parecia hostil,não parecia.. e por fim disse - Por favor me ajude a sair desse lugar,eu não sei como vim parar aqui,eu não sei quem eu sou, minhas memórias... eu não consigo lembrar de nada.
-Você pode sair desse local mas deverá encontrar o guia,não sairá sozinho daqui.
-Onde posso encontra-lo ? 
-Ele está onde sua vida pode ser sustentada,onde a composição do seu corpo reina e onde os sons vagueiam livremente.
- O que? onde fica isso? Por favor me diga! - A luz aos poucos foi se apagando enquanto a mulher desaparecia,S gritava desesperadamente - Por favor,espere! Por favor - E então a luz se dissipou.


     Ele tentava compreender o significado daquelas palavras,sua cabeça ainda não havia parado de doer e sentia-se como se sua última esperança tivesse partido,estava novamente preso naquele pesadelo onde as sombras reinavam,S. então começou a andar,usando o toque para se mover novamente temendo o encontro com a criatura humanoide que havia o observado anteriormente, sabia que devia agora focar no enigma que a mulher ou seja lá o que for o havia dito - "Ele está onde sua vida pode ser sustentada,onde a composição do seu corpo reina e onde os sons vagueiam livremente." - S. estava muito cansado para conseguir pensar em soluções de enigmas agora,será que estava ficando louco? Ou havia realmente presenciado tais acontecimentos? Não havia certeza sobre isso,mas havia certeza que estava correndo riscos,estava com muita fome e não poderia encontrar nada naquela caverna que o pudesse alimentar,poderia morrer de fome,sentia o ataque dessas criaturas cada vez mais próximo e sentia como se estivesse enlouquecendo,as palavras daquele ser martelavam em sua cabeça cada vez mais,então pensou : "Onde sua vida pode ser sustentada e onde a composição do seu corpo reina"... - Meu corpo... sustento... composição... ÁGUA! - S. parecia ter matado a charada,mas já esteve em locais onde havia água e não havia encontrado nenhum "guia",porém esses locais eram completamente calmos e silencioso e em uma parte da charada diz respeito a um local "onde os sons vagueiam"... não deve ser tão fácil de perceber... S. já não aguentava mais aquele lugar,não aguentava mais a fome e a escuridão,S. vagou pela caverna em busca de sons e durante esse período nada aconteceu,nenhuma presença,nenhuma atividade,o único som que ouviu foi o roncar de seu estômago vazio.

    S. continuou caminhando entre a caverna e sentia como se as coisas ficassem mais calmas,sentia uma tranquilidade e enquanto andava parecia sentir uma leve brisa bater  em seu rosto,e na verdade era realmente o que ele sentia - Não pode ser... isso é... uma brisa...? - S. começou a andar mais rápido até que sentiu seus pés entrarem em contato com uma grama,estava úmida e ouvia um ruído de ar dentro da caverna,um sopro triste e solitário em meio aos sons cavernosos,S. podia sentir como se o vento o levasse continuou seguindo até que chegou em uma área imensa da caverna,e de algum modo seus olhos se adaptaram aquele lugar e ele conseguia enxergar um pouco,a grama,de um verde musgo que cobria todo aquele espaço parecia balançar pela brisa que ali corria e junto com as estranhas árvores que juntas formavam aquela paisagem,haviam pontinhos brilhantes nas árvores,S. não fazia ideia do que fosse,começou a andar,era um vale,um vale sem céu,sem nuvens,apenas uma noite eterna e fria com sua brisa úmida,S. logo então deu por si que esse deveria ser o local onde repousava "o guia",foi logo ao encontro de uma das árvores,haviam árvores de várias cores,tamanhos e formas e pareciam que os pontinhos luminescentes nada mais eram do que pequenas frutas,de várias cores e tamanhos,porém teve uma que o chamou a atenção,ela era maior do que as outras e estava no centro daquele vale,uma árvore de tronco azulado e folhas brilhantes,com frutas azuladas,S. teve a sensação de que aquilo era a coisa mais linda que ele havia visto,naquele momento ele se esqueceu de tudo que havia passado,era como se todo aquele pesadelo tivesse desaparecido por um instante,ele corria em direção a árvore quando ouviu um som - Worrrghhhh - S. sentiu os pelos de sua pele arrepiarem e caiu,quando olhou em direção ao som viu uma pequena criatura de olhos grandes e curioso o observando,possuía pequenas e atentas orelhas que se mexiam com os som,havia também pequenos braços e pernas em seu pequeno corpo peludo de cor azul,não devia ter mais que 80 cm,não parecia ameaçador...


  S. se levantou se perguntando o que era aquela criaturinha estranhamente engraçada,sentado na grama e o olhando com desconfiança S. disse - O que quer? - As orelhas da criaturinha se mexiam a cada palavra,e suas mãozinhas seguravam uma a outra,ele parecia assustado então ele se aproximou de S. e tentou toca-lo,S. não se mexeu até que a criaturinha o tocou,assustado ele tirou rapidamente a mãozinha da pele de S. e fez um gesto pedindo para que o seguisse,andou alguns metros e apontou para um lago de águas azuis brilhantes,S. estava com sede e foi correndo beber,e enquanto bebia podia enxergar sua imagem na água,estava completamente sujo e não aparentava haver mais do que seus 14 anos de idade,de súbito veio a imagem de uma garota em sua cabeça,caiu pra trás,confuso,imaginando quem era aquela garota e por que se lembrava dela,enquanto pensava a criaturinha veio em sua direção e o tocou,pegou em sua mão e puxou apontado para uma das árvores com as frutas luminescentes,S. então pensou que aquela criaturinha poderia ser "o guia",S. olhou para ele e disse - Você é o guia? - a criaturinha o olhou com seus grandes olhos e não respondeu,S. deu de ombros e continuou a seguir a pequena criaturinha até a pequena árvore,a criaturinha apontou para algumas frutas gesticulando para que S. a pegasse,estendendo as mãos pegou 4 frutinhas que logo em seguida se apagaram,nunca havia visto fruta com tal aparência,ela era de uma cor branca e tinha um formato oval,possuía um cheiro doce, a criaturinha apontou para que S. a desse uma fruta,S. então fez o que ele pedia,a criaturinha abocanhou a fruta com uma fúria assustadora e a engoliu em poucos segundos,ele começou a brilhar e seus pelos aos poucos foram ficando brancos,S. olhou espantado imaginando o que aconteceria caso comesse alguma dessas frutas. 

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